TOYOTA QUER MONTAR VEÍCULOS EM ANGOLA

Presidente João Lourenço recebeu delegação da Toyota a quem lançou um grande desafio
Fotografia: DR

Santos Vilola | Yokohama, 31 de Agosto, 2019

O Grupo Toyota Tsusho pretende instalar em Angola uma linha de montagem de veículos e uma fábrica de peças sobressalentes para o mercado interno.

O anúncio foi feito à imprensa pelo vice-presidente daquele grupo empresarial japonês, Hideki Yanase, no final da audiência que lhe foi concedida pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, ontem, em Yokohama (Japão).

“O nosso lema é trabalhar com Angola e para Angola, e, desta forma, ganharmos a confiança e desenvolvermos o mercado interno”, disse o empresário.

Hideki Yanase indicou que, para começar, o investimento custaria até 200 milhões de dólares para a fábrica de montagem de peças, por exemplo, não tendo avançado um prazo para o início do projecto.

Yanase disse ter abordado com o Presidente da República o projecto de reconstrução do Porto do Namibe, a cargo do grupo empresarial.

O gestor garantiu que, se tudo correr bem, a partir do primeiro trimestre do próximo ano, começam as obras.

“Aproveitamos a oportunidade para analisar a possibilidade de novos projectos a desenvolver em Angola, bem como estudos que devem ser feitos no sentido de identificarmos novas áreas”, referiu.

Hideki Yanase disse que o Presidente João Lourenço lançou o desafio no sentido de procurar instalar-se fábricas em Angola para consolidar o mercado interno.

Recentemente, em entrevista ao Jornal de Angola, o embaixador do Japão, Hironori Sawada, considerou que, para haver uma indústria automóvel instalada num país, existem vários factores que devem ser observados, entre eles a dimensão do mercado, a competitividade (custo-benefício), formação, tecnologia e o acesso às divisas.

Imperador oferece chá

Os Chefes de Estado e de Governo dos países africanos e do Japão encerraram, ontem, em Yokohama, a sétima edição da Conferência Internacional de Tóquio sobre o Desenvolvimento de África (TICAD, sigla inglesa) com o tradicional “Chá da Tarde”, oferecido pelo imperador Nuruhitu.

A TICAD 7, a maior conferência internacional promovida pelo Governo do Japão, encerrou com uma conferência de imprensa que juntou o Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, o presidente da União Africana, Abdel Fatah al Sisi (Chefe de Estado do Egipto), e o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Facki.

O chefe do Governo japonês disse que o futuro da cooperação entre aquele país e o continente africano está nas mãos da juventude.

Shinzo Abe, que no dia anterior analisou com o Presidente da República, João Lourenço, a cooperação bilateral, reconheceu o poder da República Popular da China no continente africano, mas esclareceu que a relação Japão-África tem nuances próprias.

A TICAD 7, sob o lema “África e Yokohama, partilhando paixão pelo futuro”, lançou um apelo à aceleração da transformação económica e à melhoria do ambiente de negócios através da inovação e do engajamento do sector privado.

O comunicado final deve ser divulgado nas próximas horas, indicando o país e a cidade que, daqui a três anos, vai acolher a próxima conferência.

Participação de Angola

O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, disse que a participação de Angola na TICAD 7 foi um êxito, por ter sido representado pelo Chefe de Estado, João Lourenço.

Manuel Augusto, que falava à imprensa, disse que a participação do Presidente João Lourenço permitiu “não só dar a sua contribuição positiva aos trabalhos, mas também fazer vários contactos bilaterais, começando pelo encontro com o Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, para analisar a dinâmica das relações entre os dois países.

O chefe da diplomacia angolana disse que esta edição da TICAD testemunhou a evolução que o Japão faz na abordagem da cooperação com o continente africano, tendo em conta as novas dinâmicas e os desafios que devem conduzir ao desenvolvimento sustentável.

“Há uma abordagem mais realista, há uma constatação de que só será possível uma cooperação dinâmica através das parcerias público-privadas e da participação da população nos projectos de desenvolvimento”, disse Manuel Augusto.

O ministro considerou que África deveria organizar-se para tirar maior vantagem deste tipo de parceria.

Cooperação bilateral

A cooperação entre Angola e o Japão assenta numa base de complementaridade, segundo o ministro das Relações Exteriores.

Manuel Augusto fundamentou esta relação com o facto do Japão ser um país muito avançado tecnologicamente, que faz parte das sete maiores economias do mundo e que tem mais-valias que se forem bem aproveitadas podem ajudar Angola na execução do seu programa de desenvolvimento económico.

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